dezembro 01, 2012

Imitação da vida




A busca pela felicidade é sempre ato incondicional e solitário. Individual. Embora se afirme que ninguém é feliz sozinho, a felicidade está sempre presente em nós e ninguém pode ser feliz  pelo outro. Apesar de nos sentirmos felizes por amigos e parentes, este é um sentimento exclusivo.

Mas infelizmente nossa sociedade está recorrendo a uma felicidade artificial. Existe uma busca coletiva do prazer e bem-estar através das drogas, do culto ao corpo, do exibicionismo e da negação aos mais elementares princípios da ética e da moral.

Imitação da vida, o que caracteriza a felicidade artificial é seu poder de se opor à realidade baseando-se na ilusão dos fatos, numa espécie de miragem de um fictício paraíso. Diria até que vivemos a era das aparências, onde as pessoas, se não são bem-sucedidas, ricas, famosas, poderosas ou gloriosas, fazem o possível para aparentar tudo isso.

Nossa era acredita que a felicidade exige relação estreita entre culto físico, drogas legais e ilegais, alimentos não naturais, cultura material e massificação da mídia. Hoje já não somos verdadeiramente indivíduos. Cada pessoa é célula em uma rede de relacionamento.

O escritor americano  Jennifer Michael Hecht, autor de O Mito da Felicidade, afirma que felicidade “é sentir-se bem”. Drogas, corpos, comemoração e dinheiro são técnicas materiais que nos proporcionam isso. 

Estamos aprisionados em nossos desejos, contrariamente ao que apregoava Epicuro, para quem a liberdade não seria alcançada com sua realização, e sim com sua negação. Para Marco Aurélio, podemos passar uma noite em um palácio ou no chão de uma cabana, e sermos felizes da mesma forma. “É preciso descobrir que instrumento toca seu coração, pois só assim você entoará a melodia da felicidade eterna”.

(Imagem: Flickr, do álbum de Sion Fullana's)

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