A busca pela felicidade é sempre ato incondicional e
solitário. Individual. Embora se afirme que ninguém é feliz sozinho, a
felicidade está sempre presente em nós e ninguém pode ser feliz pelo
outro. Apesar de nos sentirmos felizes por amigos e parentes, este é um sentimento
exclusivo.
Mas infelizmente nossa sociedade está recorrendo a uma
felicidade artificial. Existe uma busca coletiva do prazer e bem-estar através
das drogas, do culto ao corpo, do exibicionismo e da negação aos mais
elementares princípios da ética e da moral.
Imitação da vida, o que caracteriza a felicidade artificial
é seu poder de se opor à realidade baseando-se na ilusão dos fatos, numa espécie
de miragem de um fictício paraíso. Diria até que vivemos a era das aparências,
onde as pessoas, se não são bem-sucedidas, ricas, famosas, poderosas ou
gloriosas, fazem o possível para aparentar tudo isso.
Nossa era acredita que a felicidade exige relação estreita entre
culto físico, drogas legais e ilegais, alimentos não naturais, cultura material
e massificação da mídia. Hoje já não somos verdadeiramente indivíduos. Cada
pessoa é célula em uma rede de relacionamento.
O escritor americano Jennifer Michael Hecht, autor de O Mito da Felicidade, afirma que felicidade
“é sentir-se bem”. Drogas, corpos, comemoração e dinheiro são técnicas
materiais que nos proporcionam isso.
Estamos aprisionados em nossos
desejos, contrariamente ao que apregoava Epicuro, para quem a liberdade não seria
alcançada com sua realização, e sim com sua negação. Para Marco Aurélio, podemos
passar uma noite em um palácio ou no chão de uma cabana, e sermos felizes da
mesma forma. “É preciso descobrir que instrumento toca seu coração, pois só
assim você entoará a melodia da felicidade eterna”.
(Imagem: Flickr, do álbum de Sion Fullana's)
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