É
voz corrente e uníssona que o mundo é dos vivos. Tal assertiva carece de
fundamentos dogmáticos e filosóficos. Em uma análise concreta dos fatos e atos
do cotidiano, constatamos que a vida é efêmera e fugaz, donde a participação
dos vivos é extremamente transitória.
De
forma diversa, a participação dos não presentes ao mundo físico se faz notar de
forma incontestável e perene, através dos exemplos legados pelos Imortais da existência
humana. De modo aleatório e despretensioso, colocarei aqui em pauta verdadeiras
máximas da sabedoria que, ao longo dos tempos, procuram conduzir a Humanidade a
um caminho mais justo e feliz.
A
propósito de felicidade, o poeta Vinícius de Moraes a via como “...a gota/De
orvalho numa pétala de flor/Brilha tranqüila/Depois de leve oscila/E cai como
uma lágrima de amor”. Para o estadista alemão Konrad Adenauer – e ainda no
aspecto da elevação humana – “vivemos todos sob o mesmo céu, mas nem todos
temos o mesmo horizonte”.
“Quando
sou tomado de dúvidas, socorro-me de pensamentos algumas vezes revestidos de
comovente simplicidade, mas carregados de pródigos aconselhamentos” – dizia o
saudoso compositor
Cartola. “Queixo-me às rosas/mas que bobagem/as rosas não falam/simplesmente as
rosas exalam/o perfume que roubam de ti”.
Em
certos dias, nossa alma é invadida por uma tristeza infinda. É quando nos sentimos
deprimidos. Entretanto o poeta Facundo Cabral, um verdadeiro imortal felizmente
presente em nosso convívio, adverte: “Você não está deprimido, você esta distraído”.
Uma
nuvem de desilusões encobre as maravilhas da natureza, assim como o verdadeiro
sentido da vida. É então chegada a hora de ouvir a voz de Cristo: “Considerai
como crescem os lírios do campo; não trabalham nem fiam. Entretanto, eu vos
digo que o próprio Salomão no auge de sua glória não se vestiu como um deles” (Mt
6, 28-29).
Plínio,
denominado o Velho, escritor e pensador da Roma antiga, nos esclarece sobre a
fragilidade humana: “O homem é o único animal que não aprende nada sem ser
ensinado: não sabe falar, caminhar, comer – enfim, não sabe fazer nada ao
estado natural a não ser chorar”.
Só podemos almejar a felicidade no mundo dos
vivos se caminharmos lado a lado com a imortalidade de nossos Mestres. Pois, na
palavra de Fernando Pessoa, tudo vale a pena quando a alma não é pequena.
(Imagem: Flickr, do álbum de Anuj Nair)