Viver
a vida imaginando-a em companhia da felicidade é fácil e utópico. Entretanto o
sofrimento faz parte da existência humana. Por isso, difícil é renunciar à
infelicidade.
Para
Shakespeare, nada é bom ou mal senão pela força do pensamento. O dualismo e a
dicotomia são indispensáveis a uma vida dinâmica e repleta de paradigmas. A
inexistência da antítese e dos opostos tornaria a vida amorfa e sem sentido.
No
princípio havia apenas o Uno, sem espaços, sem vácuos, onde predominava a
indeterminação dos sujeitos – o Tudo e o Nada. Necessário se fez a fratura, a
ruptura, a fragmentação e o caos. Nada mudava, pois para transformar precisamos
do atrito, da presença de dois elementos para que possa acontecer alguma
ocorrência .
A soma de um não com outro não nos valida um sim. O que faz o
bem-estar é a contrastante existência da dor.
Pascal,
com extrema sapiência, afirmava que “se o mal acabasse, Lúcifer perderia o
sentido, mas Deus também”. No ventre paradisíaco do Gênesis, estagnado na
eternidade, o Homem não existia, era um rascunho de vida, um projeto do
Criador. Através da armadilha da proibição, criou a desobediência, encontrou a
liberdade e a condenação divinas.
Para
atravessarmos a ponte que une nossa efêmera passagem terrena até os umbrais da
eternidade, temos que transformar nossas vidas. Resgatar em nossas mentes infinitas
possibilidades, aprisionadas pelo medo, pelo nosso egoísmo, pela falta de fé em
nossa capacidade pessoal e descrença na
compaixão de Deus.
O
temor do fracasso impede nossa contínua caminhada em busca da auto-realização.
Na estrada da vida, não existem placas de sinalização e nem portamos aparelhos
de GPS. Muitas vezes paramos no acostamento, porque quando não se sabe o
destino não se chega a lugar algum. Em determinado momento de nossa árdua
caminhada, precisamos sair do comodismo de nossa zona de conforto. Torna-se
necessário não apenas sonhar, não apenas planejar, mas arriscar, agir, tomar
atitude. Seguir o aconselhamento de T. S. ELIOT: “Somente aqueles que se
arriscam a ir longe demais serão capazes de descobrir quão longe podem ir”.
O homem nasceu para lutar, e sua vida será
sempre sua eterna batalha.
(Imagem: Flickr, do álbum de Josh Sommers)
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