Insegurança
jurídica, postos de trabalho mantidos a custos muito altos, legislação
trabalhista ultrapassada e uma estrutura sindical viciada pela origem no arbítrio
e no autoritarismo – eis a realidade que marca as relações de trabalho no
Brasil e desestimula investimentos no setor produtivo, desde que isto
signifique contratar mão-de-obra.
Não pode haver dúvida, a partir de uma visão
responsável, de que estamos sobre o já legendário barril de pólvora, cuja explosão ainda é providencialmente retardada.
A violência urbana devasta nas grandes cidades brasileiras algumas vezes mais
do que fazem as guerras. E boa parte de suas vítimas tem sido trabalhadores, gente
honesta, contribuintes que pagam seus impostos para reduzirem o risco de viver
trancando-se em suas próprias casas. Nossa indiferença pelos excluídos nos faz
cúmplices dos governantes nesse crime que é o descaso social.
O
jornalista Eduardo Lara Resende, em seu blog Pretextos-elr (http://pretextoselr.blogspot.com), discorreu sobre o
assunto aqui tratado com muita propriedade ao afirmar: “Apesar do
extraordinário volume de informação hoje disponível, seguimos preparando nosso
futuro. Pelos dados conhecidos, boa parte dos patrões ainda insiste em ignorar
o óbvio: não é apenas a técnica gerencial ou de mercado que determina o sucesso
de uma empresa. A diferença está, essencialmente, na fé e na dedicação com que
as pessoas se entregam á realização de seus sonhos através do trabalho. E isto
envolve confiança, incentivo e, sobretudo reconhecimento”.
O
discurso é velho, gasto e, para muitos ouvidos, por vezes impertinente. Mas
paradoxalmente atual e verdadeiro: é necessário apressar tanto quanto possível
os passos da sociedade em direção a horizontes que valorizem o homem e que o
engrandeçam não apenas econômica, mas também – e sobretudo – moralmente. O nome
do que se opõe a essa conveniente malevolência é cidadania.
Mudanças profundas na legislação trabalhista e
fortalecimento dos sindicatos – ainda indispensáveis representantes de patrões
e empregados, verdadeiros fiéis da balança numa relação trabalhista plena de desafios
– eis o que nos será necessário fazer para dar inicio a nova etapa nas relações
de trabalho no Brasil.
(Imagem: Flickr, do álbum de leroycommunitychapel)