Ao
contrário dos animais irracionais que possuem a capacidade de avaliar e usar
todas as suas forças, o homem desconhece – e acaba subestimando – sua própria
capacidade, vivendo eternamente a ilusão falsa das aparências. Tal situação de
desprezo pela sua própria existência o torna um coadjuvante no espetáculo da
vida. É um miserável perdido no meio das maravilhas do universo. Mas, como
afirmam Rosete Poleti e Bárbara Dobbs, “ninguém é tão machucado pela vida a
ponto de ser definitivamente esmagado”.
Neste
momento de extrema amargura e sofrimento, de acordo com o renomado psicólogo
Vanistendael, “algumas pessoas reagem de forma extraordinária, demonstrando
uma capacidade de vencer , viver, desenvolver-se positivamente, de maneira socialmente aceitável, apesar do
estresse ou uma adversidade que normalmente
comportam o grave risco de uma saída negativa”.
Infelizmente
esse grupo de indivíduos é pequeno, pois a maioria carrega dentro de si ditames
que foram programados por nossos professores, nossos colegas e nossos pais, levando-nos
a acreditar que éramos apenas crianças
medianas e comuns. Desta forma, estávamos condenados à mediocridade.
Entretanto,
a verdade é que somos criados como jóias singulares. Jamais existiu ou existirá
no mundo uma máquina mais maravilhosa do que a máquina humana. Somos feitos de
cem trilhões de células, seiscentos e quarenta músculos, duzentos ossos, um
coração que realiza dois bilhões e meio de batidas ao longo da vida, um esqueleto
que se regenera cinco vezes e um cérebro que é capaz de realizar bilhões de
conexões diferentes. Somos únicos, e o que muda é nossa embalagem – o corpo.
Alguns até semelhantes, mas todos com uma alma diferente.
O
ser humano é um maravilhoso organismo capaz de perceber eventos, formular
juízos complexos, amar e ser amado. Contudo vive o dualismo presente em todo o
Universo, dividido pela dicotomia do bem e do mal .È capaz de sacrificar sua própria
vida para salvar seu semelhante, assim como pode matar pelo simples prazer. A
incerteza está presente em nossas vidas
mais do que a certeza. Mas nós a julgamos mal, ainda não percebemos que a
incerteza é o estado natural do ser humano. Durante todo o tempo procuramos
tempo para não ter tempo.
Precisamos
encontrar uma razão para ter esperança. E essa razão está presente na
resiliência, um adjetivo que pode ser definido como aquilo que apresenta uma
resistência a qualquer tipo de choque ou atrito, aquilo que bate e volta,
inclusive nos reveses da vida. A resiliência é a verdadeira arte de dar a volta
por cima.
(Imagem: Flickr, do álbum de Antonello!)