Duas
reflexões vão ao encontro de nosso tema: a primeira, do escritor Reinaldo
Azevedo, para quem “nossa civilização parece a improvável história de um
paradoxo permanente. Ela avança, sempre duvidando de si mesma, mergulhando às
vezes no horror, mas se recuperando em seguida para a maravilha”.
A
segunda afirmativa é feita pelo Dr. José Augusto Messias, médico e humanista,
professor da Universidade do Rio de Janeiro- Ele nos diz que “o mundo em que
vivemos é o melhor momento já vivido pela historia para toda a Humanidade,
incluindo os mais desfavorecidos”.
Em
contraponto, há uma idéia de que nosso tempo é o pior que já existiu ao longo
dos tempos. Diz-se que vivemos em plena crise de valores, e que o futuro será
ainda pior. Exemplo de extrema perversidade foi protagonizado, há quase duas décadas,
pelo então chefe do Banco Mundial e ex-conselheiro econômico do presidente Barack Obama, Lawrence Summers.
Ele redigiu e assinou memorando sugerindo que faria sentido os países ricos
exportarem seu lixo para os países pobres, pois eles sofreriam menos perdas se
os trabalhadores ficassem doentes ou morressem. “Creio que a lógica econômica
por trás do despejo de lixo tóxico nos países de salários mais baixos é
impecável e deveríamos enfrentar a questão”, afirmava.
“O
raciocínio é perfeitamente lógico, mas totalmente insano”, escreveu o falecido
José Lutzenberger, grande visionário no campo da proteção ao meio-ambiente. Summers
pediu desculpas pelo seu ato de desprezo pela pessoa humana.
A
despeito de todo sofrimento atual, podemos afirmar que somos mais felizes hoje
do que ontem. Diversos fatos justificam essa afirmativa: nunca o ser humano
gozou de tanta longevidade nem chegou à velhice com tanta saúde, dispondo de tantos
recursos médicos e sanitários. Evoluímos em quase todas as esferas da vida – na
política, na economia, nas relações sociais e trabalhistas, na higiene e até
mesmo na gastronomia. Hoje são cultivadas novas virtudes como a
solidariedade e a compaixão, porém não mais com uma raiz apenas religiosa, mas
sim moral e social.
Cresce
o respeito pelas minorias e pelos excluídos. Não só pelos direitos das mulheres
e das crianças e idosos, mas também
pelos direitos dos animais e de todos os seres vivos. Hoje as religiões
convergem para um fim comum.O fundamentalismo islâmico é minoria, e parece dar
sinais de uma modernização urgente.Nunca o homem foi tão poderoso, para o bem e
para o mal. Em todo caso, não há dúvida de que somos, mais do que nunca,
senhores da vida e da História.
(Imagem: Flickr, do álbum de eye2eye)
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