maio 19, 2012

Paradoxo do nosso tempo




Duas reflexões vão ao encontro de nosso tema: a primeira, do escritor Reinaldo Azevedo, para quem “nossa civilização parece a improvável história de um paradoxo permanente. Ela avança, sempre duvidando de si mesma, mergulhando às vezes no horror, mas se recuperando em seguida para a maravilha”.

A segunda afirmativa é feita pelo Dr. José Augusto Messias, médico e humanista, professor da Universidade do Rio de Janeiro- Ele nos diz que “o mundo em que vivemos é o melhor momento já vivido pela historia para toda a Humanidade, incluindo os mais desfavorecidos”.

Em contraponto, há uma idéia de que nosso tempo é o pior que já existiu ao longo dos tempos. Diz-se que vivemos em plena crise de valores, e que o futuro será ainda pior. Exemplo de extrema perversidade foi protagonizado, há quase duas décadas, pelo então chefe do Banco Mundial e ex-conselheiro econômico  do presidente Barack Obama, Lawrence Summers. Ele redigiu e assinou memorando sugerindo que faria sentido os países ricos exportarem seu lixo para os países pobres, pois eles sofreriam menos perdas se os trabalhadores ficassem doentes ou morressem. “Creio que a lógica econômica por trás do despejo de lixo tóxico nos países de salários mais baixos é impecável e deveríamos enfrentar a questão”, afirmava.

“O raciocínio é perfeitamente lógico, mas totalmente insano”, escreveu o falecido José Lutzenberger, grande visionário no campo da proteção ao meio-ambiente. Summers pediu desculpas pelo seu ato de desprezo pela pessoa humana.

A despeito de todo sofrimento atual, podemos afirmar que somos mais felizes hoje do que ontem. Diversos fatos justificam essa afirmativa: nunca o ser humano gozou de tanta longevidade nem chegou à velhice com tanta saúde, dispondo de tantos recursos médicos e sanitários. Evoluímos em quase todas as esferas da vida – na política, na economia, nas relações sociais e trabalhistas, na higiene e até mesmo na gastronomia. Hoje são cultivadas novas virtudes como a solidariedade e a compaixão, porém não mais com uma raiz apenas religiosa, mas sim moral e social.

Cresce o respeito pelas minorias e pelos excluídos. Não só pelos direitos das mulheres e das crianças e idosos,  mas também pelos direitos dos animais e de todos os seres vivos. Hoje as religiões convergem para um fim comum.O fundamentalismo islâmico é minoria, e parece dar sinais de uma modernização urgente.Nunca o homem foi tão poderoso, para o bem e para o mal. Em todo caso, não há dúvida de que somos, mais do que nunca, senhores da vida e da História.

(Imagem: Flickr, do álbum de eye2eye)

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