Vivemos
numa sociedade permeada por muita informação, pouco conhecimento e,
praticamente, nenhuma sabedoria. O ser humano vive atormentado pela dúvida
existencial, preconizada pela imortal indagação filosófica de Shakespeare: “Ser
ou não ser, eis a questão”.
Somos
cidadãos transbordados vivendo em uma sociedade transbordada. Por isso, todos
os dias lutamos para não naufragar. E essa sensação nos desgasta. Ela nos
afasta do propósito de sermos felizes.Na incerteza, devemos nos entregar
incondicionalmente ao inevitável.
Devemos
abandonar a incerteza e não a dúvida. Ela dúvida sempre vai existir, pois nos
leva à procura da verdade. Não houvesse dúvida e não haveria ciência ou razão. Na
incerteza, tomemos o caminho do abandono, que é a renúncia à pretensão de
controlar tudo.
Coloquemos
nas mãos do universo, da vida, aquilo que não está em nossas mãos. O abandono é
uma atividade vital, não uma covardia ou derrota pessoal. Não renunciamos à
vida, renunciamos a forçá-la – opinião como a do filósofo Sêneca. Para ele, a
sabedoria está em discernir corretamente entre até onde podemos modelar a
realidade para ajustá-la aos nossos desejos, e até onde devemos aceitar, com
tranqulidade, o inaceitável.
A
verdade é que a incerteza faz parte da natureza humana. Por isso, será sempre melhor
agir com cautela e serenidade . Nas palavras do filosofo Immanuel Kant, “a inteligência
de um indivíduo é medida pela quantidade de incerteza que ele é capaz de
suportar”.
Precisamos decidir o que queremos ser, pois no
dizer de Arthur Schopenhauer, “não há nenhum vento favorável para aquele que
não sabe para onde vai”.
(Imagem: Flickr, do álbum de SamyColor)
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