setembro 07, 2012

Hipocrisia brasileira




Nossa sociedade carrega consigo títulos e rótulos desnecessários e desonrosos. Elitista, machista, conservadora, egoísta, racista e, finalmente, profundamente hipócrita. No terreno pantanoso e mal-cheiroso da política brasileira, prevalecem as palavras de Frei Beto: “A política é o resultado da sociedade que a produz e, em seu espelho, reflete todas as suas contradições”.

Nossos políticos são alpinistas que sobem literalmente no povo, em busca do cume sagrado do Poder. Não se exigem provas de conhecimento, nem predicados éticos e morais para o êxito na vida pública. As campanhas eleitorais são pavimentadas com recursos oriundos quase sempre de fontes suspeitas e ávidas de uma contrapartida ilícita. Nosso ambiente político, alicerçado por agremiações que em nada se assemelham aos partidos, incluem até alguns de seus componentes comparados a agentes mafiosos.

Tudo isso contribui para que nossa infante Democracia seja sempre dúbia, claudicante, pálida, raquítica e vulnerável aos golpistas de plantão. O povo, alienado, não possui a real noção do perigo a que permanece exposto. Em nossa mente ecoam as palavras de Maquiavel: “Quem estudar a história contemporânea e da antiguidade verá que os mesmos desejos e as mesmas paixões reinaram e reinam ainda em todos os governos, em todos os povos”.

Não menos conturbada é a seara da Religião, onde a hipocrisia floresce e viceja com grande intensidade. Política e religião sempre andaram juntas, embora não compartilhando os mesmos dogmas. Carregando o símbolo da Cruz, a colonização ibérica na América Latina, e a inglesa nas terras do Tio Sam, dizimaram milhares de indígenas, colaboraram com a escravatura e saquearam os recursos minerais. Tal fato ainda persiste na cultura tupiniquim, onde seitas desprovidas inclusive do pudor Divino, escravizam os pobres e se aliam a políticos saqueadores.

Nas Relações de Trabalho a hipocrisia não é menos visível, reforçada por preconceitos e discriminações de toda ordem. O pensador inglês William Hazlitt afirmava que o preconceito é filho da ignorância. Entretanto, o preconceito pode estar hoje mais próximo da hipocrisia do que da ignorância, pois o ignorante desconhece o que o hipócrita louva mas não pratica.

Concordo com o fabuloso escritor uruguaio Eduardo Galeano: “Considera-se culto quem oculta, rende-se culto à cultura do disfarce”.

(Imagem: Flickr, do álbum de B A Y S A L)

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