Nossa
sociedade carrega consigo títulos e rótulos desnecessários e desonrosos.
Elitista, machista, conservadora, egoísta, racista e, finalmente, profundamente
hipócrita. No terreno pantanoso e mal-cheiroso da política brasileira,
prevalecem as palavras de Frei Beto: “A política é o resultado da sociedade que
a produz e, em seu espelho, reflete todas as suas contradições”.
Nossos
políticos são alpinistas que sobem literalmente no povo, em busca do cume
sagrado do Poder. Não se exigem provas de conhecimento, nem predicados éticos e
morais para o êxito na vida pública. As campanhas eleitorais são pavimentadas
com recursos oriundos quase sempre de fontes suspeitas e ávidas de uma
contrapartida ilícita. Nosso ambiente político, alicerçado por agremiações que
em nada se assemelham aos partidos, incluem até alguns de seus componentes comparados
a agentes mafiosos.
Tudo
isso contribui para que nossa infante Democracia seja sempre dúbia, claudicante,
pálida, raquítica e vulnerável aos golpistas de plantão. O povo, alienado, não
possui a real noção do perigo a que permanece exposto. Em nossa mente ecoam as
palavras de Maquiavel: “Quem estudar a história contemporânea e da antiguidade
verá que os mesmos desejos e as mesmas paixões reinaram e reinam ainda em todos
os governos, em todos os povos”.
Não
menos conturbada é a seara da Religião, onde a hipocrisia floresce e viceja
com grande intensidade. Política e religião sempre andaram juntas, embora não compartilhando
os mesmos dogmas. Carregando o símbolo da Cruz, a colonização ibérica na
América Latina, e a inglesa nas terras do Tio Sam, dizimaram milhares de
indígenas, colaboraram com a escravatura e saquearam os recursos minerais. Tal
fato ainda persiste na cultura tupiniquim, onde seitas desprovidas inclusive do
pudor Divino, escravizam os pobres e se aliam a políticos saqueadores.
Nas
Relações de Trabalho a hipocrisia não é menos visível, reforçada por
preconceitos e discriminações de toda ordem. O pensador inglês William
Hazlitt afirmava que o preconceito é filho da ignorância. Entretanto, o
preconceito pode estar hoje mais próximo da hipocrisia do que da ignorância, pois
o ignorante desconhece o que o hipócrita louva mas não pratica.
Concordo
com o fabuloso escritor uruguaio Eduardo Galeano: “Considera-se culto quem
oculta, rende-se culto à cultura do disfarce”.
(Imagem: Flickr, do álbum de B A Y S A L)
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