dezembro 24, 2011

Saudades de Laika



Em 22 de Março deste ano – e após pouco mais de uma década de convívio conosco – Laika, nossa cadelinha poodle, nos deixou. Em doze anos ela não apenas nos fez companhia, mas revelou fidelidade e amizade inigualáveis. Qualidades que – parece – nós, seres humanos, temos pressa em fazer desaparecer das relações com nossos semelhantes.
Ao escritor tcheco Milan Kundera se atribui a afirmação de que os cães “são como nosso elo com o Paraíso”, pois não conhecem “a maldade, a inveja e nem o descontentamento”. O autor de A Insustentável Leveza do Ser (1984) faria comparação com “uma volta ao Eden” o sentar-se, numa tarde, ao pé de uma colina ao lado de um cão. Ainda segundo Kundera, não fazer nada no Paraíso não seria tédio, mas paz.
Não nos é possível esquecer as brincadeiras de Laika. Nem suas lambidas em nossas mãos, quando queria subir em nossa cama e estar mais próxima de nós. Dócil no trato, Laika sugeria ternura e paz. Era comovente vê-la ainda tão fiel e amiga, mesmo depois de perder totalmente a visão. Gostava de música, e enquanto morria, uma lindíssima canção coincidentemente tocava na tevê.
Somente pela Fé podemos antever o que se seguirá ao término de nossa história pessoal. Mas seria consolador pensar que, de alguma forma, pudéssemos reencontrar não apenas as pessoas que amamos, mas também os animais de estimação que estiveram conosco. O cão que guia e defende seu dono cego, ou o que se sacrifica para salvar uma vida, vale a perene e grata lembrança humana tanto quanto, para nós, é inesquecível a de Laika. Ela fez mais que nos acompanhar durante parte de nossa caminhada: Laika nos alegrou, foi dedicada e fiel à nossa Casa. E, na sua docilidade e atenção, nos ajudou tantas vezes a superar momentos desfavoráveis.
Há quem diga que ser feliz é ter saúde, razão e um caso de amor. Para nós, ter uma cadelinha como nossa poodle Laika nos ajudou a ter um pouco mais de cada coisa.
(Imagem: Arquivo do autor)

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