A música
é a expressão mais difundida nas artes. E é através da arte que o Homem
se humaniza e se aproxima do Criador.
Arte é
tudo aquilo que nos emociona, nos toca a alma e se perpetua na mente humana. A dimensão
do poder da música é exaltada nas palavras de Schopenhauer: “A música
exprime a mais alta filosofia numa linguagem que a razão não compreende”.
A
Música Brasileira – não só a popular, mas todo o conjunto de seus músicos
e compositores em todos os seus gêneros – constitui um verdadeiro patrimônio da
cultura brasileira. Nos dias atuais, contudo, nossa música tem padecido de
criatividade, bom gosto e carência de talentos. De forma diversa à de outros
tempos, não vislumbro filosofia e poesia em sucessos tipo ai se eu pego, tche-tche-tche, le-le-le e assim por diante.
Despretensiosamente
(e longe de manifestar preferências), rendo aqui minha homenagem aos imortais
da Música Brasileira. Registro exemplos do que considero maravilhosos versos poéticos,
cheios de reflexões filosóficas de grande impacto para a alma humana:
“Cada
um sabe a dor e a delícia de ser o que é” (Caetano Veloso, em Dom de Iludir).
Quando
a caminhada está difícil, é oportuno lembrar de “Ando devagar / Porque já tive
pressa / E levo esse sorriso / Porque já chorei demais / Hoje me sinto mais
forte / Mais feliz quem sabe / Eu só levo a certeza / De que muito pouco sei / Ou
nada sei” (Renato Teixeira, em Tocando em
Frente).
Trago
também na memória: “Pobre moreno / Que de noite no sereno / Espera a lua no terreiro
/ Tendo um cigarro / Por companheiro / Sem um aceno / Ele pega da viola / E a
lua por esmola / Vem pro quintal / Deste moreno” – linda canção de Lamartine
Babo em Rancho Fundo.
A
dignidade da pessoa humana é lembrada por Gonzaguinha em Guerreiro Menino: “Um homem se humilha, se castram seus sonhos / Seu
sonho é sua vida, e vida é trabalho / E sem trabalho, o homem não tem honra / Se
morre, se mata / Não dá prá ser feliz, não dá pra ser feliz”.
Certa andou a saudosa Cora Coralina, pois não
morre aquele que deixou na terra a melodia do seu cântico na música de seus
versos.
(Imagem: Flickr, do álbum de Lavínia Carvalho)
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