julho 21, 2012

A pobreza no Brasil




Segundo o IBGE, o Brasil tem mais de 16 milhões de pessoas em situação de extrema pobreza. Isto representa 8,5 % da população do país, e de acordo com Márcio Pochmann, presidente do IPEA, a taxa de miserabilidade atinge um em cada dez brasileiros.

São números que desabonam a imagem de nosso país em qualquer aspecto do desenvolvimento humano. Entretanto o mais grotesco e chocante é que o Brasil brilha de modo inquestionável no quesito do luxo e da ostentação. Através de uma avaliação injusta e equivocada, pleiteamos e ganhamos o direito de sediar uma Copa do Mundo de Futebol e uma Olimpíada. Esnobismo que será pago, mais uma vez, pelos pobres dos pobres, como afirmava Madre Tereza de Calcutá, cujo trabalho em favor dos fracos e oprimidos não só da India, como  de várias  partes do mundo, nos faz envergonhados de nossa apatia, falta de ação e indignação ao testemunhar um verdadeiro holocausto de nossos  conterrâneos, desvalidos da sorte.

O descaso social nosso e de nossas autoridades torna os ricos, pobres. Pobres de segurança e de alegria, transformando-os em verdadeiros indigentes da felicidade. Aprisionados em seus lares (alguns até semelhantes a castelos medievais), esses senhores sequer usufruem de seus bólidos de passeio por não disporem de rodovias adequadas. Nos restaurantes, são assaltados na entrada e nos preços cobrados pelos serviços prestados. E ainda necessitam de sorte e segurança pessoal para retornarem às suas casamatas.

Essa situação caótica faz parte da tradição brasileira, onde uma sociedade burguesa e elitista padece de miopia cultural, cujos princípios éticos e morais estão sempre opacos e distantes da realidade. No Brasil, o social sai com frequência nos discursos, para descansar nas distribuições aleatórias de verbas segundo critérios discutíveis. A imensa quantidade de ONG’s e de dinheiro gasto na área social é significativa, mas a qualidade dessa gastança é quase nenhuma.

Creio que só nos resta decidir se queremos conquistas socialmente menos injustas. Ou se nos será suficiente a ilusão de concessões que, na realidade, perpetuam a humilhação e a exploração da maioria pela manutenção de costumes tão velhos quanto intocados. 

Como dizia o saudoso Dom Helder Câmara, “quando dou de comer aos pobres, chamam-me de santo; quando explico porque é que os pobres tem fome, chamam-me de comunista”.

(Imagem: Flickr, do álbum de ana_lee_smith)

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