Numa
sociedade em que a beleza e a juventude são ícones do sucesso, o envelhecimento
é encarado como derrota e fracasso da pessoa humana. Nas culturas orientais a
velhice é cultuada como dádiva divina, os idosos são respeitados como sábios pois
são depositários de incalculáveis tesouros, adquiridos com a sabedoria sedimentada através dos tempos.
De
forma inversa, a cultura ocidental desrespeita e abandona um patrimônio ímpar –
seus filhos mais velhos. Paradoxal é que exista uma ordem quase que totalitária
de que devemos viver mais, mas ninguém sabe envelhecer. Deveríamos seguir a
máxima de Voltaire de que “a mocidade é apenas um romance e a velhice é sempre
uma história”.
Atualmente,
o ato de envelhecer começa a se associado à perda de prestígio e ao total
afastamento do convívio social. A velhice não é mais considerada apenas um
processo normal de deterioração do corpo, e sim um estado de espírito que
caracteriza a forma do idoso encarar tal situação. No entanto – e apesar da idade
– muitos jamais envelhecem. São pessoas que suportam nos ombros e na alma o
peso da dor e da resignação.
Precisamos
entender que envelhecer não nos afetará do ponto de vista humano. Quando ficar
velho, você não será diferente do que foi no passado. Terá, sim, mais experiência
e alguns problemas físicos, que podem também atingir os jovens. O idoso pode
ser apenas um jovem com mais idade, pois o meio-dia da vida não pode ser apenas
um apêndice da manhã. Assim como o sol recolhe
seus raios para iluminar-se, também a pessoa idosa deve voltar-se a si mesma, a
seu eu, e descobrir sua intima riqueza.
Quem
na velhice descobre o mistério da vida e tem dela ampla visão, é sábio. A
sabedoria é a primeira tarefa da velhice. Apesar do descaso da sociedade e dos governantes,
que ignoram as pessoas no outono de suas vidas, cabe a cada um de nós dar o
primeiro passo para desmistificar falsas verdades, encontrando assim o caminho
para a sublime arte de envelhecer.
(Imagem: Flickr, do álbum de J. Asher Lynch)
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