No
momento em que os olhos do mundo estão voltados para a Conferência Mundial Rio+20
, onde se discute o futuro do planeta e da própria Humanidade, vale acrescentar
alguma reflexão sobre a exclusão social.
Muito
se fala sobre o desenvolvimento sustentável – mote tanto de idealistas quanto de
demagogos, que usam da retórica para manter apenas a ilusão e um fio de
esperança para os desmunidos. È difícil reconhecer a existência de desenvolvimento
quando seus benefícios se acumulam longe
da massa da população.
Da
mesma forma, não é fácil reconhecer legitimidade de um modelo de
desenvolvimento que exclui legiões de seres humanos das oportunidades de
participação, não só nos frutos da riqueza, mas até mesmo na produção da
riqueza. Tudo isso dificulta a percepção e compreensão de intervenções ativas e
sérias no processo de secundarização das pessoas quanto aos benefícios do
desenvolvimento. São migalhas distribuidas através de apelo populista, que visa
sempre a manutenção do ‘status quo', perpetuando a miséria e alimentando a tirania
dos mandatários corruptos, despojados de qualquer sentimento humano.
Nossa
sociedade vive, assim, sempre à beira do abismo. A violência urbana devasta as
grandes cidades brasileiras algumas vezes mais do que as guerras. E boa parte das
vítimas tem sido trabalhadores, gente honesta, contribuintes que pagam impostos
para reduzirem a fatalidade de terem que viver trancados em suas próprias
casas.
Nossa
indiferença pelos excluidos nos faz cúmplices dos governantes no crime do
descaso social. Vale recordar Dom Helder Câmara e sua preocupação com a
injustiça e a miséria da Humanidade: “A injustiça é una e indivisível: atacá-la
e fazê-la recuar, aqui e ali, é sempre fazer avançar a justiça. È preciso não
esquecer que a miséria e a injustiça são sempre mais difíceis de suportar nos
países pobres; mas, as raizes mais fundas do mal se encontram no coração, nos
interesses e práticas dos países ricos, com a cumplicidade dos ricos dos países
pobres”.
Não
estamos em face de um novo dualismo, que nos proponha as falsas alternativas de
excluidos ou incluidos. A sociedade que exclui é a mesma sociedade que inclui e
integra, que cria formas também desumanas de participação, na medida em que
delas faz condição de privilégios e não de direitos. Enfim, precisamos
responder sobre o que temos, o que somos – e do que somos – e o que realmente
queremos. “Cada dia a natureza produz o suficiente para nossas carências. Se
cada um tomasse o que lhe fosse necessário não haveria pobreza no mundo, e
ninguém morreria de fome” (Gandhi).
(Imagem: Flickr, do álbum de adijr)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Grato pela sua visita e comentário.