junho 23, 2012

A exclusão social




No momento em que os olhos do mundo estão voltados para a Conferência Mundial Rio+20 , onde se discute o futuro do planeta e da própria Humanidade, vale acrescentar alguma reflexão sobre a exclusão social.

Muito se fala sobre o desenvolvimento sustentável – mote tanto de idealistas quanto de demagogos, que usam da retórica para manter apenas a ilusão e um fio de esperança para os desmunidos. È difícil reconhecer a existência de desenvolvimento quando seus benefícios  se acumulam longe da massa da população.

Da mesma forma, não é fácil reconhecer legitimidade de um modelo de desenvolvimento que exclui legiões de seres humanos das oportunidades de participação, não só nos frutos da riqueza, mas até mesmo na produção da riqueza. Tudo isso dificulta a percepção e compreensão de intervenções ativas e sérias no processo de secundarização das pessoas quanto aos benefícios do desenvolvimento. São migalhas distribuidas através de apelo populista, que visa sempre a manutenção do ‘status quo', perpetuando a miséria e alimentando a tirania dos mandatários corruptos, despojados de qualquer sentimento humano.

Nossa sociedade vive, assim, sempre à beira do abismo. A violência urbana devasta as grandes cidades brasileiras algumas vezes mais do que as guerras. E boa parte das vítimas tem sido trabalhadores, gente honesta, contribuintes que pagam impostos para reduzirem a fatalidade de terem que viver trancados em suas próprias casas.

Nossa indiferença pelos excluidos nos faz cúmplices dos governantes no crime do descaso social. Vale recordar Dom Helder Câmara e sua preocupação com a injustiça e a miséria da Humanidade: “A injustiça é una e indivisível: atacá-la e fazê-la recuar, aqui e ali, é sempre fazer avançar a justiça. È preciso não esquecer que a miséria e a injustiça são sempre mais difíceis de suportar nos países pobres; mas, as raizes mais fundas do mal se encontram no coração, nos interesses e práticas dos países ricos, com a cumplicidade dos ricos dos países pobres”.

Não estamos em face de um novo dualismo, que nos proponha as falsas alternativas de excluidos ou incluidos. A sociedade que exclui é a mesma sociedade que inclui e integra, que cria formas também desumanas de participação, na medida em que delas faz condição de privilégios e não de direitos. Enfim, precisamos responder sobre o que temos, o que somos – e do que somos – e o que realmente queremos. “Cada dia a natureza produz o suficiente para nossas carências. Se cada um tomasse o que lhe fosse necessário não haveria pobreza no mundo, e ninguém morreria de fome” (Gandhi).

(Imagem: Flickr, do álbum de adijr)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Grato pela sua visita e comentário.